Os radicais livres, os antioxidantes e o risco para o câncer

Você já deve ter ouvido falar sobre os radicais livres, que são átomos ou moléculas formadas naturalmente no nosso corpo mas quando em excesso podem prejudicar nossa saúde por causarem danos às nossas células. Os danos que os radicais livres podem causar, principalmente ao DNA das células, podem levar ao aumento do risco para vários cânceres e outras doenças1.

No entanto, substancias conhecidas como antioxidantes, formadas naturalmente no nosso corpo ou provenientes da dieta, são fundamentais para neutralizar os radicais livres.

São exemplo de antioxidantes provenientes da dieta o betacaroteno, as vitaminas A, C e E e o licopeno.

Antioxidantes provenientes dos alimentos -Dra. Lílian Licarião - CRM-SP 140.754| RQE 40.207

Seguindo este princípio, surgiram propostas de suplementação oral com antioxidantes e o uso de substâncias tópicas antioxidantes na pele. Mas eles realmente trazem benefícios?

A suplementação oral de antioxidantes – considerada um vilão para os tabagistas e portadores de câncer

Muitos estudos científicos têm sido feitos para avaliar se a ingestão de antioxidantes orais poderia diminuir o risco para vários cânceres. Infelizmente, estes estudos têm resultados um pouco diversos e devem ser vistos com cautela.

 

Antioxidantes orais - Dra. Lílian Licarião - CRM-SP 140.754| RQE 40.207

O National Cancer Institute publicou uma avaliação de estudos importantes que, em sua maioria, concluem que o uso de antioxidantes orais não promove a diminuição do risco de câncer e de outras doenças crônicas.

Importante ressaltar, que os estudos utilizaram suplementos antioxidantes purificados quimicamente e que o mesmo resultado pode não ser encontrado com antioxidantes provenientes da ingestão de frutas e verduras, já que nestes há, além dos antioxidantes, minerais e vitaminas que podem interagir e trazer benefícios além dos conhecidos atualmente.

Outro resultado interessante com pacientes que já foram diagnosticados com câncer é que o uso de suplementação oral de antioxidantes durante o tratamento para o câncer promoveu maior chance de recidiva, mais metástases, aumento do tumor ou menor sobrevida do paciente, principalmente nos tabagistas.

A recomendação do National Cancer Institute é para que o uso dos suplementos de antioxidantes seja feito com muita cautela e que seu médico sempre seja avisado caso você faça uso deles.

Os antioxidantes tópicos – benefícios para a beleza da pele e para potencializar a proteção solar

Além dos radicais livres formados naturalmente no nosso próprio corpo, fatores externos, como exposição ao sol ou a poluição causam danos no DNA celular e em outras estruturas da pele. Isso faz com que seja acelerado o processo de envelhecimento cutâneo e aumente o risco para o câncer de pele.

Podemos pensar que basta usar o protetor solar para eliminar todos esses efeitos prejudiciais à pele, certo?

Na verdade, não. O protetor solar não basta! Quem usa protetor solar tende a se expor mais e por mais tempo ao sol. Além disso, a grande maioria não faz o uso correto do produto, aplicando camadas finas e irregulares do creme, não reaplicando a cada 3 horas ou utilizando produtos inadequados [Veja melhor no post “Proteção solar: mitos e fatos”].

O uso de protetores solares de amplo espectro (que dão proteção contra UVB e também para UVA) é de extrema importância para proteger a pele dos radicais livres secundários aos raios UVA. No entanto, estudos mostram que o uso adequado e isolado de protetores solares de amplo espectro protege apenas em 55% a formação destes radicais livres na pele.

Mas outros estudos comprovaram que o uso de antioxidantes associados aos protetores solares traz benefícios importantes à pele!

Antioxidantes: amigos ou inimigos do câncer / Dra. Lílian Licarião - CRM-SP 140.754| RQE 40.207

Ao compararem pacientes que utilizaram apenas protetores solares de amplo espectro com pacientes que usaram a combinação de antioxidantes tópicos e protetor solar viram que o uso do antioxidante diminui a taxa de radicais livres na pele, diminui a vermelhidão e a inflamação causada pela exposição solar e, estudos em animais, mostraram diminuição do risco para o câncer de pele.

Enfim, baseando-se nas recomendações do National Cancer Institute e da Academia Americana de Dermatologia, não há indicação de suplementação oral com antioxidantes para a população geral, devendo inclusive ser evitada para pacientes em tratamento de câncer, principalmente se forem tabagistas. Porém, deve-se manter uma dieta equilibrada com ingestão de verduras, frutas e legumes diariamente.

Para a pele, a história é outra. Recomenda-se o uso associado de antioxidantes tópicos aos protetores solares (já há produtos no mercado com a combinação) para aumentar o poder de proteção ao sol e diminuir assim o risco para o câncer de pele. Além de promover uma pele bonita com menos manchas e rugas!

Dra. Lílian Licarião - CRM-SP 140.754| RQE 40.207

Dra. Lílian Licarião – CRM-SP 140.754 | RQE 40.207

Fonte das imagens: Pixabay.
Referências:

1. Int J Biochem Cell Biol. 2007;39(1):44-84. Epub 2006 Aug 4.
2. Antioxidants and Cancer Prevention, National Cancer Institute. Data de acesso: 5 de março 2018.
3. American Academy of Dermatology, 2012. doi: 10.1016/j.jaad.2012.02.009.

 

Este material tem caráter meramente informativo e não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico, autotratamento ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte o seu médico.

 

 

 

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